segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Violência Familiar e as Relações de Poder: a diminuição do outro


"Percebe-se que a violência é um fenômeno dependente do contexto, do momento que a pessoa vive, das suas experiências, seus processos psicológicos e de suas características individuais. Concomitante a isso, os atos violentos podem ocorrer, atingir, repetir-se, permanecerem e causarem distúrbios. Os comportamentos violentos se expressam por padrões persistentes de hostilidade e agressividade, pelas quais os direitos básicos do outro ou as normas sociais não são respeitadas.

Direitos de se tornar pessoa e conviver num ambiente saudável e íntegro têm sido negados nos ambientes onde a violência doméstica acontece. Violência (s) que transcende o caráter humano e nos leva a questionamentos sobre a existência da família e sua função sobre a vida daqueles que convivem neste espaço.

Se o seu caráter doméstico implica em oferecer segurança, confiança, relacionamento e afeto, este quadro tem sido substituído por agressões, maus tratos e abusos graves contra a pessoa, diminuindo suas chances e seus direitos de se desenvolver e alcançar a paz.

Toda a complexidade da violência doméstica/familiar que causa a diminuição do outro, é reforçada pelo silêncio inerente aos atos de violência neste espaço por sua configuração e execução. O silêncio que gera também o segredo potencializa as violências nesse microssistema e constrói reféns de si mesmos, pelo medo, culpa e vergonha vivenciados."

      A complexidade da violência não se refere apenas ao campo em que ela acontece. Se domestico, familiar, extra familiar. Se for contra a criança ou adolescente, ou se atinge apenas à mulher. O fato é que se constitui um fenômeno universal e por isso mesmo a urgência em se tratar de forma universal."
Porém, num ambiente onde a violência faz parte da rotina das relações, as pessoas que nelas convivem apreendem esses modelos e passam a atuar desta maneira, ao passo que a vítima assume em alguns momentos as atitudes do ator, bem como as testemunhas também se sentem vítimas por presenciarem a situação de violência.

Isto acontece segundo Freud citado por Souza (1996) “É verdade que o amor consiste em novas edições de antigas características e que ele repete reações infantis. Mas este é o caráter essencial de todo estado amoroso. Não existe estado deste tipo que não produza protótipos infantis.

Violência que se faz presente em todas as categorias de família, e altera significativamente o caráter e a sua função. As crianças se tornam adultos e trazem uma carga inconsciente de traumas, disfunções, medos e hostilidades ligadas aos papéis e figuras parentais e ainda que tentem se libertar, a lembrança do passado os aprisiona e os mantêm reféns. Aprisionados em si mesmos, em suas lembranças pelos sentimentos e modelos infantis que os levam à repetição da dinâmica, dos modelos das relações de violência e principalmente da dor."


Fonte: http://artigos.psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/a-violencia-familiar-e-as-relacoes-de-poder-a-diminuicao-do-outro#ixzz2iLW8dJ3x
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